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A CASA, 2009, é um corte do clássico A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca. O drama vivido pela viúva Bernarda em meio ao luto – que resulta no encarceramento de suas filhas, ao mesmo tempo, como estratégia de proteção e manutenção de sua moral social [o que levaria ao cumprimento de seu papel social sem máculas no futuro] – adquire, nesta montagem, ares realistas na caracterização e na composição das personagens. O espetáculo é, ao lado de As Desgraças de uma Criança, a iniciativa mais tradicional do coletivo no tratamento da linguagem cênica. A própria escolha do texto e o exercício da representação de tipos historicamente localizados, mergulhados em uma acepção psicológica de personagem, remonta à primeira experiência cênica de Fernando Guimarães quando em 1983 participou da montagem de Bodas de Sangue, também de Lorca, sob o bastão de Dulcina de Moraes como diretora. A cenografia, de natureza mais abstrata, compõe-se de uma parede branca com janelas retangulares altas. Os figurinos, todos pretos, demarcam o luto e o contraste visual diante da cenografia branca. O duelo preto-e-branco aparece diversas vezes na obra de Adriano e Fernando como proposta visual e [quiçá] como resposta à busca do menor, do neutro, do essencial, do primordial embate entre a luz e a ausência dela [unidade mínima da habilidade de ver].

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