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A montagem de A DISTÂNCIA DA LUA, 1995, envolve uma recusa coletiva dos direitos autorais por parte do escritor italiano Ítalo Calvino a uma série de artistas interessados em adaptar seus textos. Diante do episódio, Adriano e Fernando Guimarães, que já estavam com a peça em andamento, viram-se forçados a alterar os rumos da criação [o que no caso deles não é exatamente um problema, posto que são afeitos ao tropeço]. O texto homônimo de Calvino é um conto que pertence ao livro As Cosmicômicas. Os ensaios transformaram-se em exercício de conversa com a própria linguagem teatral, fazendo dela o temo oculto do espetáculo. O absurdo [novamente] na composição do trabalho, na definição da dramaturgia e a aleatoriedade narrativa dos elementos mostram dois diretores intrigados com a linguagem e investigando possibilidades de composição, testando seus limites. O tom de bobagem e deboche deflagrava um interesse pelo absurdo da situação real e de seu duplo ficcional. Já sem os direitos autorais, eram atores procurando personagens, diretores procurando autores. À espera, como Godot e como os próprios personagens de Pirandello.

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