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A pesquisa sobre o universo do clássico Cem anos de solidão, de Gabriel García Marquez, é o mote do espetáculo AQUILO QUE SERVE DE LEMBRANÇA, 2006. Na dramaturgia, Adriano e Fernando garimpam micro-acontecimentos presentes na narrativa de Marquez e os apresentam pela perspectiva de uma personagem moradora de Macondo. O espetáculo é um desvio da obra original operado por essa personagem. Como procedimento e dispositivo, o desvio é essencial na obra do coletivo. Nesse caso, conduz ao entendimento da narração como acontecimento e desemboca em personagens a serviço da imaginação da protagonista – que é o exercício mesmo do ficcionista. Assim, o espetáculo revela em sua estrutura os procedimentos da ficção. Da mesma forma, o corpo também assume sua condição ficcional posto que é nele que se materializam a palavra e imagem; nas palavras de Silvia Davini, assume a centralidade por ser entendido como lugar e como primeiro palco. Por fim, a memória é o eixo central da obra – tema orbitante nas produções do coletivo: a memória como algo que se revela por meio da ação. 

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