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Felizes para sempre foi um projeto que jogou com o trânsito, com o cruzamento de fronteiras.  Composto de partes que interagem. A ideia foi experimentar as possibilidades das diversas linguagens operadas, em conjunto, em suas relações com a obra de Samuel Beckett.  Assim, houve a montagem teatral  — de “Dias Felizes”, “Ir e Vir” e “Jogo” — que ocupou os espaços do teatro e da sala de exposições do CCBB - Brasília, durante duas semanas. A instalação ocupou as salas de exposição, por quarenta dias e, durante as duas semanas de espetáculo, se metamorfosearam, em alguns momentos, em cenário para a ação teatral.  As performances ocorram dentro da exposição e no caminho para o teatro. A seqüência de armários da instalação foi lida através da interação com o espectador, criando uma segunda performance. No espaço da mostra,  mediação sugeria caminhos de leitura. Os monitores informavam e tornavam-se parceiros do fruidor no contato com a obra. Os diálogos eram encontros  com convidados que  introduziam novas idéias, novas leituras para o trabalho e apontavam para os desdobramentos do percurso que estava sendo desenvolvido.

Os  DIÁLOGOS operaram uma amplificação na proposta de reflexão sobre a obra de Beckett e sobre a apropriação de seu universo poético, concebida pelos irmãos Guimarães. Foram um ciclo de quatro encontros com teóricos — autores dos textos do catálogo do evento —, que abordaram a obra sob diferentes pontos de vista, em conjunto com  o público interessado.

O primeiro diálogo, Tempo e Espaço: o Sagrado e o Profano, com Gerd Bornhein, discutiu estas relações na obra de Beckett.

No segundo, Por entre as Coisas, Agnaldo Farias partiu da interpretação que os  irmãos Guimarães constróem a partir de Beckett,  para apontar a relação do homem com as coisas que produz para si e as possíveis inversões que se operam, quando elas deixam de ser instrumentos dóceis e passam a desempenhar (como em Beckett) um papel regulador da ação humana.

Corpo - Objeto - Corpo,  com Helena Katz, partiu da etimologia para propor uma reflexão sobre  a mudança de significados do corpo através da história, sua utilização como suporte, na produção contemporânea de arte e, em especial, o lugar do corpo como  dramaturgia, que ela identificou em Felizes para Sempre.

No último encontro, Sobre Armários e seus vazios, Marília  Panitz partiu do objeto-ícone do projeto — o armário — para traçar um mapeamento de sua utilização em arte, e a rotação de signo que se opera quando, por nomeação, um objeto (ou um gesto) cotidiano se  desloca, se esvazia de sua funcionalidade e passa a ser lido como obra.

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