FOTOHAMLET, 2005, é uma obra cênica performativa constituída por um conjunto de cenas para serem fotografadas. A ação é realizada por oito atores. Os atores, inicialmente nus, vestem o papel higiênico como figurino. Presente também como cenário, o papel se torna objeto relacional. A plateia observa um desenrolar de situações performáticas cujo objetivo principal é gerar fotografias que remetem a um espetáculo fantasma que nunca aconteceu propriamente. Não se trata da montagem de Hamlet, mas de cenas que podem ser feitas a partir do objeto relacional papel e da relação entre os atores e o espaço. A morte de Ofélia, por exemplo, funciona como cena: nela, o papel higiênico se comporta como água. Em outra passagem, o Rei Cláudio desfila com sua corte e seus trajes reais de papel. O experimento discute a relação entre visualidade e sentido. Questiona a possibilidade de registro do fenômeno teatral – especificamente, neste caso, pela fotografia – já que as fotos serão registros infiéis, presos ao passado de um espetáculo que nunca aconteceu. Interpõe-se, ainda, diante da fragilidade dos limites entre ação e não-ação, movimento e estatismo, narrativa e imagem, operando mudanças desnorteantes na própria noção de espetáculo.