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IMPROVISO DE OHIO, 2008-2011, foi escrita por Beckett sob encomenda. Inicialmente relutante ao convite, acabou por enviar ao estudioso Stanley Gontarski um texto curto inédito para ser lido em uma conferência sobre sua obra em Ohio. A indicação para uma cena muito escura indica a importância da dimensão visual no delineamento da ação em Beckett. Muitas ações são cercadas pelo escuro, pelo infinito preto, como que numa referência da condição do homem em relação ao universo desconhecido. Universo este que pode ser interior, menor em escala que o universo galáctico, porém maior, talvez, em conflito e escuridão. Aqui, dois homens sentados em uma mesa lêem o texto de um livro. A dupla de personagens é facilmente associável a um duplo de qualquer consciência. A leitura é uma descrição da ação que os dois homens realizam e, novamente, um recurso reconhecível da poesia concreta na dramaturgia beckettiana: o elemento descritivo reitera o elemento dramático ou, mais que isso, o drama se dá por sua descrição; não há, de fato, nada além daquilo. A cena segue em formato de jogo, já que a batida do homem sentado à cabeceira faz o leitor pausar e continuar a partir da repetição da última frase que havia lido. A estrutura de jogo, novamente trazida à cena, revela uma certa obsessão pelo presente; o ator deve estar atento e descobrir como se expressar criativamente nas ações mais ínfimas [como a batida na mesa]. A mesa como disparador de relação é elemento presente nas encenações de Adriano e Fernando Guimarães. Aqui, exageram no tamanho da mesa, gigante, causando forte impacto visual, mas também viabilizando uma extensão espaço que se torna abstrato, pois não se sabe onde a mesa está colocada, onde a mesa termina nem mesmo para que tipo de relações ela está posta.

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