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A dramaturgia de LÍNGUA, 1992, se estrutura em formato de colagem, formato este que será retomado de maneira mais explícita em trabalhos futuros do coletivo. Novamente partindo de materiais literários não-dramáticos, os Irmãos Guimarães discursam sobre o amor por meio de cartas escritas por Thomas Mann, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Frida Kahlo e outros. A língua adquire duplo sentido como tema, já que viabiliza o verbo [a palavra nas cartas] ao mesmo tempo que proporciona o prazer carnal.  Em cena, a inteligência cômica dos dois intérpretes conduz a tônica da montagem, pontuada pela utilização de objetos deslocados de suas situações cotidianas – um procedimento que expõe a ficção teatral e oferece indícios da tese que Adriano e Fernando desenvolverão ao longo de sua trajetória sobre a teatralidade. Esse deslocamento – presente nos objetos [óculos de natação, guarda-chuvas pendurados de cabeça para baixo] e também na areia que compõe a cenografia – cria uma visualidade inusitada para o espetáculo, fazendo convergir o foco do espectador. Além disso, os elementos visuais pontuam certa dose de absurdo à peça [outro tema que merecerá investigações mais duradouras por parte do coletivo]. 

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