MACBETH AINDA MAUSER, 1991, é a primeira obra revisitada pelo coletivo, uma espécie de pentimento da peça teatral. Na pintura, o pentimento [arrependimento em italiano] é um procedimento que altera a obra a partir de evidências e vestígios apagados pela última camada de tinta – que poderia indicar que o artista mudou de ideia no meio do percurso. No caso de Adriano e Fernando, eles retomam o projeto Macbeth Mauser como se denunciassem o desejo de continuar ressoando ecos de um diálogo que não teria se esgotado na montagem anterior. As mudanças são tantas que chegam mesmo a caracterizar uma nova obra e não uma remontagem museológica. O pentimento em territórios teatrais reforça a ideia do espetáculo como abordagem e não recodificação – por exemplo, do texto dramático. Em Macbeth Ainda Mauser ganham relevância a figura das bruxas como mensageiras do acaso e da predestinação e inserem-se outros personagens. Chama a atenção a verticalidade da encenação, em cujos andaimes se movimentam os atores a 6 metros de altura. A imponência vertical reforça a importância da visualidade como componente dos sentidos na obra dos Guimarães. Mantém-se, nesta versão, o rompimento da linearidade narrativa em uma estrutura de ação fragmentada também em relação ao tempo, mas especialmente em relação ao espaço.