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MACBETH MAUSER, 1990, é uma experimentação dramatúrgica construída a partir das peças Macbeth, de William Shakespeare, e Mauser, de Heiner Müller. Ao criar não exatamente um conflito, mas uma situação cênica a partir de frases soltas do texto de Müller e de três personagens [casal Macbeth e feiticeira] da peça de Shakespeare que Harold Bloom chamou de “tragédia da imaginação”, os diretores enxugam a obra. O enxugamento é sugerido pelo próprio Shakespeare, já que Macbeth é protagonista absoluto do drama com mais de um terço das falas [nem Hamlet atinge esse centralidade]. O terror fantasmagórico e imaginativo que determina o destino das personagens se materializa na encenação. Adriano e Fernando criam uma caixa de metal no palco da Sala Alberto Nepomuceno, onde se dá a cena, e queimam mais de cem velas por sessão. A condição das velas revela a própria condição do espetáculo, esvaindo-se junto à cera, sendo elas atuadoras em seu programa “queimar-se”; são performativas nesse sentido. Os materiais carregam, em si mesmos, uma dimensão ritualística. Diante de tamanho impacto visual, o crítico Claudio Telles escreve artigo se questionando sobre a natureza teatral da peça e conferindo-lhe qualidade maior de performance e instalação; instaura, por primeira vez, um olhar sobre a contaminação da prática cênica do coletivo pelas artes visuais.

Também e o rompimento da linearidade narrativa em uma estrutura fragmentada. 

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