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O desafio de colocar em cena o conto homônimo de Oscar Wilde direciona a criação de O ANIVERSÁRIO DA INFANTA, 2010. No conto, Wilde narra com excesso descritivo e sutil humor a festa de doze anos da princesa da Espanha, que serve de pano de fundo para temas mais complexos como morte, amor, política e papéis sociais. A escolha do coletivo aponta seu interesse em pesquisar as possibilidades teatrais da narrativa, assumindo o desejo de construir sentido e cena a partir da palavra [centralizada na figura de um narrador flutuante, interpretado por diferentes atores ao longo da peça, e apoiado em tecnologias contemporâneas como o microfone]. O microfone em cena, além de um elemento visual instigante por sua qualidade midiática, desafia a tradição da palavra no teatro [essencialmente projetada sem amplificação via equipamentos]. A estrutura dramatúrgica se propõe a operar os desvios que o próprio texto de Wilde oferece, já que os temas paralelos vão entrando em meio à narrativa principal do aniversário. Isso resulta numa dramaturgia fragmentada, que rompe constantemente a linha temporal. O rompimento do tempo é reforçado pela inserção de imagens e ações visuais retiradas do próprio conto e recriadas na perspectiva performativa e alegórica de Adriano e Fernando Guimarães. É o caso das cenas coreografadas da Rainha morta e da personificação da Princesa em uma boneca de tamanho real que, além disso, instauram um curiosa e irônica discussão sobre o ser inanimado [vivo, mas morto em essência – ou vice-versa, como em Beckett].

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